investidores de pequeno e médio porte apostam na chamada “poupança verde”
O cultivo de florestas madeireiras tem sido importante opção para investidores que aguardam retorno para médio e longo prazo. Mas, antes do primeiro passo, é preciso debruçar-se sobre o planejamento para não errar no investimento, dizem especialistas.
Em busca da aposentadoria, investidores de pequeno e médio porte apostam na chamada “poupança verde”. Atualmente, 26% da área plantada no Brasil é de produtores independentes. Mas, muitas vezes, têm pouco ou mesmo nenhum conhecimento sobre o negócio.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Florestas, Cristiane Fioravante Reis, o produtor precisa ter em mente alguns pontos essenciais antes de apostar na atividade. “O planejamento é o mesmo feito antes de se construir uma casa. É preciso saber o perfil de quem vai morar, quantas pessoas são e outros parâmetros”, afirma.
No caso do eucalipto, Cristiane indica três questões básicas a serem respondidas pelo produtor iniciante: em qual produto o eucalipto será transformado; qual espécie será plantada e quais condições climáticas a planta aceita. A pesquisadora cita um exemplo: caso a opção seja por transformar a madeira em lenha, a comercialização obrigatoriamente tem que se dar na região. O pagamento de frete inviabilizaria o negócio.
A variedade híbrida urograndis, mescla da Urophylla com a Grandis, por exemplo, é resistente a condições climáticas desfavoráveis e a solos mais pobres. Esse eucalipto, tanto em sua versão híbrida quanto na pura, é o mais usado em grandes propriedades, podendo ser destinado ao cultivo de carvão vegetal e celulose.
O doutor em silvicultura e melhoramento florestal e professor da Universidade Federal de Lavras, Lucas Amaral de Melo, no entanto, ressalta que, inserida na urograndis, existe uma variedade considerável de material genético. Não basta plantar o eucalipto híbrido para fornecer para a indústria de carvão. “O material genético para carvão é muito diferente do usado para celulose. No caso da siderurgia, a madeira precisa ser mais densa. Caso não selecione o tipo adequado de eucalipto, vai ter um carvão de pior qualidade. E a empresa compradora vai pagar menos por ele”, explica.
Outra observação necessária é referente às práticas de silvicultura. É preciso identificar as condições de solo e topografia e estudar a disponibilidade de mão de obra e equipamentos na região. “Todo mundo diz que eucalipto cresce em qualquer lugar. De fato, é uma espécie rústica. Mas uma análise de solo pode garantir considerável ganho de produtividade”, conta Melo.
Fonte: Estado de Minas / Adaptado por CeluloseOnline